Sorriso, o mendigo pop

Santa Maria sempre foi pródiga em personagens populares. Ao longo dos anos, inúmeras pessoas ficaram conhecidas e simpatizadas, a partir do ambiente das ruas. Nesse contexto, uma das figuras mais badaladas é o mendigo Sorriso, um andarilho das calçadas, que transita há muito tempo pelo centro e adjacências.

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Sorriso é mais um dos tantos moradores de rua que se espalham e se multiplicam pela cidade. A diferença é que ele conquistou uma popularidade expressiva e crescente, que pode ser medida em números. Recentemente, uma rede social fez uma postagem com um simples vídeo dele na fila de um supermercado. Em pouco tempo, a publicação tinha mais de 180 mil visualizações e quase 6 mil curtidas. Lembro ainda que, na época da pandemia, quando foram vacinar o Sorriso, o fato teve grande repercussão.

Acredito que a notoriedade do Sorriso se deva a sua longevidade nas ruas e, principalmente, pelo seu jeito característico e simpático: baixinho, barrigudo, negro, cabeludo e com um inconfundível andar “dez pras duas”.

Sorriso passa os dias catando bitucas de cigarro. Rastreia as calçadas com extrema desenvoltura e se tornou um especialista nessa atividade. Certa feita, perguntei a ele quantos anos tinha. Disse que não se lembrava. Indaguei se tinha casa para viver. Respondeu, sem muita convicção, que morava na Urlândia. Tentei estender a conversa, mas sem êxito. Então, dei um troco, ele virou as costas e saiu faceiro para fazer aquilo que mais faz: andar pela cidade.

De longa data, Sorriso montou uma espécie de “escritório” na Segunda Quadra da Bozano, em frente ao antigo endereço da loja Mercamodas. Dali, organiza o seu dia a dia, descansa e, com frequência, dorme tranquilamente, alheio ao barulho e ao movimento da rua.

Para muitos, Sorriso é apenas um louco. Independentemente disso, parece estar de bem com a vida, despreocupado e tranquilo, sem incomodar ninguém. Vive e deixa viver. E, mesmo se mantendo em condições precárias, não tenho notícia de que, alguma vez, tenha praticado algum tipo de furto ou roubo. Por isso, ainda prefiro a loucura do Sorriso do que o comportamento de algumas pessoas ditas “normais”.

Desta forma, assim vai indo o Sorriso. Vivendo tranquilamente sua loucura, bem distante da loucura do mundo moderno. Tendo a vida que gosta e que escolheu pra viver. E sendo, cada vez mais, um personagem popular e carismático no cotidiano de Santa Maria.